UM POVO na galeria da fé

Desde quando visitei a UFMG, em novembro, eu sabia exatamente o que Deus queria de nós, BRASIL MÚSICA E MISSÃO. Iríamos evangelizar com um sarau. Era uma estratégia nova e eu precisava orar, escolher as poesias, separar o repertório, saber que instrumentos levar e apresentar em BH aos participantes do BMM a nova proposta. E foi isso o que fiz! De lá pra cá eu treino, ensaio, arrumo, separo poesia, corrijo testemunho, converso e oro com os participantes da Banda. O repertório, o local de apresentação e como faríamos já estava em meu coração, até que um “Faraó” entrou em nosso caminho.

Mas assim como Faraó fazia parte dos planos de Deus na vida de Moisés e do povo de Israel, assim seria conosco. Nós apenas precisaríamos confiar em Deus. E foi no capítulo 14, verso 4 do livro de Êxodo que Deus falou comigo: “Então endurecerei o coração de faraó e ele os perseguirá. Todavia, EU SEREI GLORIFICADO por meio do faraó e de todo o seu exército; e os egípcios saberão que eu sou o Senhor.” Eu confiei nisso e descansei! Sabia que receberíamos muitos NÃOs, mas que a glória de Deus seria evidenciada.

Os dias de evangelismo estavam sendo difíceis no campus e nesta terceira semana iríamos terça, quarta e quinta-feira para a UFMG. Deus já havia me guiado para na quarta-feira apresentarmos algo, mas a Coordenação de Assuntos Comunitários do campus já havia nos dados alguns NÃOs. Essa seria nossa última tentativa. Enviamos o último ofício pedindo a liberação do local [uma lona cultural que fica bem centralizada na UFMG] e convocamos o corpo de Cristo para orar! Só queríamos UMA data e UM horário, mas na terça-feira veio o último NÃO!

Depois do último não, eu fiquei na expectativa de saber o que Deus iria fazer e meu coração se enchia de alegria porque eu tinha certeza que seria algo sobrenatural. Aquela terça-feira foi um dia lindo de colheita! Diferente dos outros dias no campus, o evangelismo foi abençoado e muitas pessoas oraram recebendo a Cristo como Salvador. Então, como poderia um dia daqueles nos desanimar simplesmente por um “não” recebido? 

Lembro que na volta pra “casa” reuni a Banda e propus: Topam tocar sem amplificação nenhuma? Um deles indagou, com olhos arregalados: Como assim? Sem PA's, microfones e os instrumentos ligados a nada? Eu disse: sim! Ainda confuso, outro perguntou: Mas como seria? Teríamos que mudar algumas coisas nos arranjos das músicas, porque sempre ensaiamos com microfones e instrumentos que precisam de amplificação como baixo elétrico e guitarra. Eu falei: nada mudaria! Vamos levar o que temos e que não precisa de amplificação e os instrumentos amplificados seremos nós! Deus vai nos ajudar! Eu sei que foi uma loucura o que fiz, mas eu tinha certeza que a glória de Deus seria manifestada. 

Este ano, em especial, a Banda veio diferente. Existem muitos tímidos nela. Eu sabia que para eles seria um esforço sobrenatural tocar e cantar na quarta-feira sem nenhuma amplificação, caminhar pelo palco, fazer um gesto pra chamar atenção, olhar de maneira mais profunda nos olhos da plateia, mas eu também sabia que Deus queria ensinar algo a eles, porque a obra de Deus é completa e ela começa em nós para chegar no outro. 

Era quarta-feira, 23 de janeiro de 2013, 17 horas e o sarau começou! Meus olhos viram cada estudante se esforçando, dentro de suas limitações, para que o amor de Deus alcançasse cada vida da plateia. Laís, vocalista da banda, chegou aqui em BH com um grande desafio pessoal: sua timidez e seu medo de falar em público. Lembro de conversar com ela sobre isso, algumas vezes, e seus olhos se enchiam de lágrimas porque sua limitação era grande.  Naquela tarde todo seu medo se foi. Toda sua limitação se tornou pequena diante do amor que Deus pôs em seu coração para que pessoas se rendessem a Ele. Laís dançou, pulou, sorriu, cantou... e vê-la assim me revelou o quanto nosso Deus nos ama, conhece nossas limitações e é o maior interessado em nos ajudar nelas. Laís estava disposta a sair de sua zona de conforto, renunciar suas limitações para que uma alma se rendesse a Jesus. Ao final do sarau, cada estudante estava feliz pois participaram de algo sobrenatural. Primeiro na vida deles, depois nas vidas que foram libertas do Império das trevas para a maravilhosa luz de Deus! 

Com o coração contrito, me sentei no meio do “palco” e com os olhos cheios de lágrimas agradeci a Deus pela obra completa dele. Deus já preparava o NÃO vindo de “Faraó” para que Ele fosse glorificado através de nossas vidas como Banda, e através de cada vida rendida a Ele no sarau.

Depois desta experiência decidimos fazer o sarau na quinta-feira, ao meio dia, pois o público seria outro e era um horário que a lona ficava cheia. E fizemos! E como não poderia ser diferente, a colheita continuou. A lona ficou cheia e muitos puderam ouvir sobre o amor e o plano que Deus tem para cada um de nós! 

“Por um ato de fé, Israel atravessou o mar Vermelho em terra seca. Os egípcios tentaram fazer o mesmo e se afogaram.” Hebreus 11.29

 

no amor do Grande Artista,

Klécia Corcino