Esses tipos artistas



Caráter está, com rapidez, tornando-se a questão mais em voga entre os artistas de hoje. Para dizer a verdade, a grande parte das perguntas que me fazem sobre ministério de música nunca, ou quase nunca, tem a ver com música em si. Elas se concentram em questões de caráter: como fazer com que o povo sirva com o coração de servo? Como posso promover a unidade na equipe/banda? Como agir diante dos problemas de atitude de alguns dos músicos? Como lidar com aquele músico que leva a banda “nas costas”, mas tem uma vida cristã mais ou menos?

Expressões frustrantes são comuns: “Fulano é um grande tecladista, mas é muito difícil de lidar”, ou “Nosso vocalista principal vive tendo acessos de raiva e instabilidade emocional”, ou “Sicrano sempre se compromete, mas nunca aparece”, ou “Estamos apavorados porque não podemos perder nosso líder de teatro e evangelismo agora. Precisamos dele. O que devemos fazer?”.

Não podemos ignorar o problema, deixando de lado questões relacionadas ao caráter na vida dos artistas. Não podemos dar as costas esperando que o problema acabe por si mesmo. Rory Noland, em seu livro O coração do artista, conta uma história que ele ministrou uma palestra, para pastores e líderes, sobre Ministério de Música na igreja, e ao final, um famoso pastor sentou-se ao seu lado e disse algo muito revelador: “eu simplesmente deixo esses tipos artistas sozinhos. Eles estão meio 'fora do ar' no seu pequeno mundo.”.

O que ele quis dizer com “esses tipos artistas”? Como saber se você é um desses tipos artistas? Se você ama música, teatro, filmes, fotografia, literatura, poesia, dança, som, iluminação, se ama fazer coisas artísticas – cantar, tocar, representar, escrever, criar ou expressar-se – há uma boa chance de que você tenha algum tipo de veia artística - grande, pequena ou razoável. Você pode ser alguém tentando uma carreira profissional ou alguém que desenvolva uma atividade desse tipo apenas como um passatempo; pode ser um amador ou até mesmo um profissional; pode ser alguém que não tenha medo do público, uma pessoa criativa, ou ambos. Talvez trabalhe com artistas ou conviva com um e queira compreender um pouco melhor sobre nós, “tipos artistas”.

Primeiro, eu gostaria de esclarecer, que, infelizmente, há certos tipos de estereótipos negativos vinculados a pessoas com temperamentos artísticos. Alguns dizem que somos temperamentais, os famosos e conhecidos melancólicos, e excêntricos. Outros acham que somos difíceis e estranhos. Alguns podem dizer que somos mal humorados e instáveis emocionalmente. Outros nos veem como independentes ardilosos e indisciplinados. Isso sem falar na vaidade. Sim, porque, parece-me que só artistas são vaidosos.

Estereótipos são generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros. Características são particularidades de uma pessoa, sendo estas positivas e negativas. Logo, essas características estereotipadas como artísticas, não estão relacionadas simplesmente ao fato de serem artistas, mas de não colocarem a totalidade de seu ser nas mãos de Deus.

Quando Deus redimiu a humanidade consigo, por meio de Cristo, Ele não olhou para nós como “esses tipos artistas” que estão meio “fora do ar” no seu pequeno mundo. Ele nos salvou em plenitude. Ele ama nossas características artísticas, pois são particularidades que refletem a imagem dele em nós. Somos pessoas comuns que carecem da glória de Deus. Admito que sejamos um pouco diferentes, para a maioria das pessoas, mas trata-se de uma diferença positiva, e tudo bem ser assim. Dizem que temos a tendência de sermos mais sensíveis e pessoas sensíveis tem muito coração! Só que a questão é: onde está seu coração, sendo você artista ou não? [Mateus 6.21]

Muitas desculpas são dadas às limitações do temperamento artístico, mais do que para qualquer outro temperamento, porém o problema ocorre quando nós, artistas, incorporamos essas desculpas e as usamos para justificar nossos comportamentos inadequados. Penso que é hora de levarmos tão a sério nosso caráter cristão quanto levamos a sério nossas habilidades e nossa arte.

Nosso caráter como artistas cristãos, nossa caminhada com Cristo, nosso crescimento espiritual precisam ser examinados, pois não podemos nos esquecer de que a nossa mensagem não está nas demonstrações atrativas e superficiais de nosso próprio talento, mas na demonstração de poder do Espírito Santo. Necessitamos de artistas que sejam conhecidos não apenas por seu talento, mas por serem discípulos de Cristo.

Sonhando e crendo que Deus está levantando um movimento espiritual com “esses tipos artistas” cristãos que estejam totalmente comprometidos com o senhorio de Jesus Cristo,


Klécia Corcino


[Reflexões baseadas no Livro O coração do artista, de Rory Noland]

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